O Bom Senso no Terras do Ave

* Aqui encontra os artigos publicados no jornal vilacondense, Terras do Ave, escritos pelos autores d' O Bom Senso: Luís Soares e Nuno Miguel Santos*

Os textos são aqui publicados duas semanas após a sua publicação no jornal.

O Bom Senso

Jornal Terras do Ave

Publicado no Jornal de

15 maio, 2008

Combustão Económica

O nível do preço do barril de petróleo está a atingir valores que, como sabemos, são insustentáveis. Esta subida imparável de preço tem origem na procura actual e prevista, a qual se crê ser muito superior à oferta possível. Não obstante, alguns analistas sugerem que parte da subida do preço resulta de pura especulação no mercado. A verdade é que cada vez mais caro explorar novos e mais profundos poços petrolíferos, sendo inevitável que dentro de algum tempo o preço atinja níveis economicamente fatais. Importa, no entanto, realçar que o preço de venda aos consumidores é agravado pelos custos de refinação do combustível (inevitável), pela margem de lucro das empresas petrolíferas (aceitável, desde que o valor seja justo e não fruto de oligopólios) e pelos elevados impostos sobre o valor final (que representam quase 50% do preço). E aqui somos tentados a perguntar: porque não baixar tais impostos, impulsionando toda a economia, baixando custos de produção e aumentando o rendimento disponível para consumo?
Cremos que esta possibilidade, considerada apelativa, seria mais catastrófica do que o próprio problema. Caso os Estados baixassem ou acabassem com os impostos sobre os produtos petrolíferos, a procura destes iria aumentar exponencialmente. Ora, a oferta – (supostamente) com dificuldade responder eficientemente às necessidades actuais - passaria a ser deveras insuficiente e o preço base do barril dispararia rapidamente para valores economicamente inaceitáveis.
Por incrível que pareça, os impostos podem estar a aguentar esta “bomba-relógio” durante mais tempo: o preço é alto, os consumidores tendem a baixar (ou, pelo menos, controlar) o seu consumo, isto apesar de existirem cada vez mais consumidores nos países em desenvolvimento.
Para este problema não existem soluções milagrosas. A subida exponencial dos factores de produção, reflectida no preço final dos bens, é uma consequência inevitável que nos preocupa a todos. Inevitável também é subida dos preços originar uma quebra na compra de produtos petrolíferos. No entanto, para a economia (ocidental) funcionar, terá que se encontrar bens substitutos. Não sabemos se será o hidrogénio, a electricidade ou outro que ainda não foi inventado. Sabemos, sim, que ele terá e irá aparecer, sendo apenas uma questão de tempo. Aliás, as próprias empresas petrolíferas estão em posição favorável para desenvolver uma nova fonte energética, considerando a óptima situação financeira em que se encontram e que potencia o investimento em investigação e desenvolvimento. E, já agora, o Estado – que com parte das receitas dos imposto poderá apoiar tais projectos.

Publicado no Jornal de

01 maio, 2008

O Fim da Linha...

A política portuguesa tem atravessado, nos últimos anos, uma “crise de identidade”. Os problemas são resolvidos à medida que vão aparecendo e, como consequência, ou são mal resolvidos ou geram problemas ainda maiores. Este facto leva a que se fale da pouca diferença entre as propostas do PSD e do PS (lendo os estatutos de cada um nota-se que partem da mesma base de social-democracia) e da falta de soluções gerais para quase tudo o que se passa na sociedade. Ao mesmo tempo, não existe um acompanhamento do desenvolvimento social por parte da ideologia política. No parlamento existem todos os dias discussões infrutíferas e até algumas exaltações nos debates por parte de alguns deputados mais dedicados, que acabam por resultar em “nada”. Tudo quase à semelhança de um pequeno teatro de improviso.
Não se pense, por estas palavras, que estamos a dizer que a política “não serve para nada”, ou que o “típico” político apenas olha para o seu umbigo (não que isso, infelizmente, não aconteça). A verdade é que só podemos avançar apostando nas pessoas certas. E, com certeza, há políticos com boas intenções no meio disto tudo. O que falta são ideias! Uma estratégia de longo-prazo, uma visão daquilo que o mundo é agora e uma adaptação às suas transformações cada vez mais rápidas. É preciso não esquecer que quem “conduz” a sociedade são os indivíduos e as suas relações. Não é um conjunto de alguns desses indivíduos que foram eleitos. Esses têm que fazer o seu trabalho, como qualquer outro de nós, que no caso é o de legislar e governar conforme lhe foi “sugerido” pelos seus eleitores. Pense-se nisto como numa relação empregador-empregado. Tão simples como isto: os empregados da sociedade ganham a vida propondo e executando boas soluções para os problemas dos seus empregadores. A situação em que nos encontramos é de falta de qualidade geral destes “profissionais”. Talvez os empregadores (nós) também estejam a exigir pouco...
Impõe-se que surja em Portugal (e na Europa) uma nova ideologia, mais racional, adaptativa, motivadora da evolução constante, em vez de ‘paralisadora’ do desenvolvimento. Chega de conversa antiquada de comunistas/fascistas. É uma perda de tempo. Basta ler um ou dois livros para prever qual a solução desses “ideólogos de outros tempos” para os problemas da actualidade. É normal. Tudo tem o seu tempo. Pensamos que aos poucos esta vontade de mudar o pensamento politico vai passar a ser uma realidade. Isso pode acontecer a bem, se a sociedade actuar a tempo, ou a mal, se esperarmos pelas grandes crises sócio-económicas que se avizinham. Não obstante, temos a certeza que daqui a uma ou duas décadas, com mais ou menos “danos colaterais”, a solução vai ser encontrada para uma nova linha de acção: nem que seja por mudança de gerações.