O Bom Senso no Terras do Ave

* Aqui encontra os artigos publicados no jornal vilacondense, Terras do Ave, escritos pelos autores d' O Bom Senso: Luís Soares e Nuno Miguel Santos*

Os textos são aqui publicados duas semanas após a sua publicação no jornal.

O Bom Senso

Jornal Terras do Ave

Publicado no Jornal de

15 fevereiro, 2009

Ano de Eleições

Se nos conseguirmos abstrair das recentes “suspeitas” que pairam no ar relativamente ao caso Freeport e analisarmos a política do Governo na reacção à “crise” sem qualquer preconceito ético, podemos observar vantagens e desvantagens para a sua reputação.
Em primeiro lugar, é óbvio que o Governo ao lidar com um país e uma população afectada por uma crise externa e global tem muito mais facilidade em desculpar-se das promessas não cumpridas. Recentemente, a JSD fez um cartaz onde se pergunta onde estão os 150 mil empregos que José Sócrates prometeu na última campanha eleitoral para as legislativas. O impacto deste tipo de ironia política, normal em democracia, é agora muito menor. No entanto, a verdade é que a crise apenas se faz sentir há uns meses e a promessa do Governo foi feita quase há quatro anos.
José Sócrates teve uma entrada no poder que revelou muita força, dada a maioria absoluta de que dispunha e o apoio popular que tinha naquele momento. Essa força traduziu-se em muito pouco e, ao longo do tempo, a situação foi piorando, dado que a juntar à falta de ideias práticas e resolução de problemas concretos e bem identificados, a sua ineficácia retirou-lhe muito do apoio popular. Isto reflectiu-se em grandes manifestações de vários grupos corporativos, onde, certamente, participaram muitos eleitores do PS nas últimas eleições.
Não podemos entrar nesta abstracção e avaliar 4 anos de trabalho por alguns meses de crise económica.
Por outro lado, é também importante que nas outras duas eleições em que participaremos este ano não se tomem decisões com base n actuação do Governo, como é típico em Portugal.
Na nossa opinião, pelo que o Governo fez nesta legislatura, não merece confiança para lhe darmos uma segunda oportunidade. Neste momento as oportunidades de mudar são poucas e há que tentar aproveitar todas. É necessária uma mudança construtiva de políticas em Portugal. Como costumamos dizer, é necessário pensar a longo-prazo, apresentando projectos complexos que nos garantam prosperidade no futuro, independentemente de sermos obrigados a atravessar um ano ou dois mais complicados. Para o curto-prazo terão que ser usadas medidas específicas, que não têm que impedir que se pense no futuro.
Há que encontrar opções credíveis na oposição, o que não parece existir neste momento. Seria triste se o maior partido da oposição concorresse às eleições de 2009 a pensar já na derrota e à espera de 2013 para fazer a renovação política. Seriam quatro anos deitados ao lixo por mero interesse político.