O Bom Senso no Terras do Ave

* Aqui encontra os artigos publicados no jornal vilacondense, Terras do Ave, escritos pelos autores d' O Bom Senso: Luís Soares e Nuno Miguel Santos*

Os textos são aqui publicados duas semanas após a sua publicação no jornal.

O Bom Senso

Jornal Terras do Ave

Publicado no Jornal de

15 dezembro, 2008

As “Clarisses” Desta Terra

O pequeno inconveniente de um jornal quinzenal é a diferença temporal entre o momento de escrita e a publicação. Vem isto a propósito da capa da última edição deste jornal, onde se dava conta da carta da Enfermeira Directora do Hospital Póvoa de Varzim, Clarisse Martins (CM). Apesar de pecar por tardio, não podemos deixar passar o facto sem umas notas.
Na análise do caso salientou-se quase sempre a atitude do Sr. Presidente de Câmara (PC), por ser a que respeita ao foro político. Sendo isso verdade, não podemos deixar de notar que há uma falácia no argumento. Em termos institucionais, é um direito de cada um de nós ter uma opinião política; em termos de cidadania, isto deveria ser um dever individual. Apesar de nos podermos queixar dos políticos que temos, somos nós que os elegemos. Dito de outra forma: somos os únicos responsáveis pelos políticos no activo.
Com isto queremos salientar que, se a atitude do Sr. PC foi de todo desprezável, a da Sra. CM foi mesmo deplorável. Perguntamo-nos como é possível que haja políticos que usem tais meios como armas de arremesso político. A resposta é óbvia: são todas as “Clarisses das suas terras” que sustentam tais manhosices. Pior do que o Sr. PC se ter dado ao desplante de fazer um suposto pedido de delação, é o facto de a Sra. CM ter mostrado uma atitude de total subserviência, revelando falta de respeito para com os colegas de trabalho e, de uma forma geral, para com os seus concidadãos.
A leitura da carta divulgada pelo “Terras do Ave” gerou desconforto e sensações de náusea. Primeiro: cada um de nós tem o direito e, como acima dissemos, o dever cívico de ter opiniões próprias. Poderão uns argumentar que nem sempre as opiniões são devidamente fundamentadas. Na política, isso seria o mesmo que afirmar que a maioria que elege os políticos nem sempre está certa… Assim, é inconcebível que a Sra. CM se preste a reafirmar, e passamos a citar, “(…) tudo o que partilhei em reunião de trabalho com o Sr. Presidente relativamente às considerações que a Enfermeira Marisa Postiga teceu (…)”. Independentemente do que a Sra. deputada municipal tivesse dito, é difícil perceber como isso possa ser motivo de discussão em reunião de trabalho e, pior, de reprodução por escrito. Mas a Sra. CM foi mais longe, afirmando ser “(…) incompreensível que alguém assuma posições tão radicalmente diferentes e até antagónicas, pois é a credibilidade dessa pessoa que fica em questão”. Provavelmente, o problema da Sra. CM é a deputada Marisa Postiga ter “posição” sobre o que quer que seja. Por outro, gostaríamos de perceber porque razão a Sra. CM acha que tem poder e capacidade para avaliar a credibilidade da Dr. Marisa Postiga e, além disso, porque entende que o Sr. PC tem alguma coisa a ver com a questão.
Atitudes como estas são de lamentar e fazem-nos perceber por que razão, em algumas matérias, continuamos condicionados a uma mediocridade mórbida. O mínimo que se esperaria de uma pessoa com credibilidade seria um pedido de desculpas público. Enfim…