O Bom Senso no Terras do Ave

* Aqui encontra os artigos publicados no jornal vilacondense, Terras do Ave, escritos pelos autores d' O Bom Senso: Luís Soares e Nuno Miguel Santos*

Os textos são aqui publicados duas semanas após a sua publicação no jornal.

O Bom Senso

Jornal Terras do Ave

Publicado no Jornal de

01 junho, 2008

Dinheiro para Marte ou para a Terra?

Num momento em que se fala em crise económica e social por todo o mundo (incluindo o desenvolvido), motivada pelos preços da energia que mantém a sociedade em “funcionamento”, ou pela escassez de alimentos, resultante do crescimento dos países em desenvolvimento (em particular, China e a Índia), e do seu uso para fins energéticos (biocombustíveis), pode parecer estranho querer-se aterrar naves em Marte.

Os dados conhecidos são: no dia 24 de Maio de 2008, uma pequena nave espacial sem tripulação aterrou no planeta vermelho, depois de ter feito uma viagem de cerca de 680 milhões de quilómetros em 9 meses: na hora certa, abriu o pára-quedas, ligou os pequenos reactores para a desaceleração e após uma viagem percorrida a 120.000 km/h, aterrou “calmamente” a cerca de 5 km/h, sem qualquer dano. Usou a pouca bateria que tinha para abrir dois “braços” com paineis solares que lhe fornecerão a energia para o futuro e logo a seguir enviou as primeiras fotos do solo em seu redor.

Este espectacular feito Humano surge da vontade intrínseca a cada um de nós de descobrir, de querer saber mais, de nunca estar satisfeito. Foi esta mesma vontade que levou ao desenvolvimento da sociedade em que vivemos, a qual tem evoluído a uma velocidade estonteante. A evolução é tão rápida que cada gerção de pessoas tem que se adaptar durante a sua vida aos novos parâmetros.

A nossa introdução a este artigo vem no sentido de impedir que se façam juízos de valor desvaforáveis ao investimento em investigação científica. Estes cientistas que estão a trabalhar neste projecto concreto vão aprender e até descobrir algo que poderá ser útil noutras áreas que não a astronomia. O objectivo de enviar uma nave a Marte não é apenas o de completar a viagem, mas o de desvendar o que poderá existir no planeta mais próxima da Terra que possa ser útil para os Humanos. É lógico que no presente é difícil prever que benefícios poderão ser retirados de um estudo como este. No entanto, olhando para a História, podemos concluír que a vontade de conhecer mais acaba sempre por benefeciar a Humanidade.

Os cerca de 500 milhões de dólares “gastos” neste projecto poderiam, sem dúvida, ser usados para enviar comida ou medicamentos para África, ou mesmo para prevenir alguma necessidade que surja com as crises que falamos anteriormente. Todavia, não é o dinheiro usado no desenvolvimento científico que deverá ser canalizado para resolver estes graves problemas. Seria possível, isso sim, recolher fundos verdadeiramente gastos para desenvolver os países mais pobres, e não apenas para os alimentar. A ciência de hoje pode garantir a nossa sobrevivência no futuro. A vontade de evoluír sempre fez parte da sociedade Humana, tendo acelerado desde há uns séculos; mas não pode parar. Este dinheiro é, definitivamente, para a Terra.