O Bom Senso no Terras do Ave

* Aqui encontra os artigos publicados no jornal vilacondense, Terras do Ave, escritos pelos autores d' O Bom Senso: Luís Soares e Nuno Miguel Santos*

Os textos são aqui publicados duas semanas após a sua publicação no jornal.

O Bom Senso

Jornal Terras do Ave

Publicado no Jornal de

01 abril, 2008

Educação das Gerações Futuras

Quem conhece a realidade sabe muito bem que os problemas de indisciplina, desrespeito e, por vezes, violência não são novos nas escolas portuguesas. O destaque surge para os que envolvem Professores e Alunos e, a este propósito, a opinião pública mostrou-se indignada com o vídeo da Escola Carolina Michaelis, mas ao mesmo tempo surpresa com a situação.

Olhando o vídeo, apetece-nos dizer que Portugal bateu no fundo no que concerne à Educação, mas a verdade é que situações destas acontecem diariamente e, muitas vezes, de forma ainda mais violenta, quer fisica, quer psicologicamente, para o Professor. Somos um país com resultados que deixam muito a desejar (note-se, por exemplo, os resultados do inquérito PISA), onde se regista um afastamento dos jovens em relação à escola e onde, crescentemente, as regras básicas de convivência em sociedade são cada vez mais trespassadas.

Muitas vezes confunde-se o papel da escola com o papel dos pais. Mas ao contrário do que muitos possam pensar, a escola é sobretudo um local de ensino ou, por outras palavras, educação escolar. A verdadeira educação cabe, em primeira instância, aos pais – e, por acréscimo, à escola. Esta é a ordem natural e mais correcta de o sistema funcionar. Não obstante, os pais parecem ter-se demitido das suas responsabilidades. Quando antigamente estes eram os primeiros a dizer aos Professores que se os seus filhos se comportassem de forma incorrecta, eles lhe deveriam aplicar um castigo, hoje em dia são os primeiros a aplicar um castigo (ou pelo menos, a “pedir esclarecimentos”) aos Professores quando os seus filhos se comportarem indevidamente. É esta uma triste inversão na dita ordem natural das coisas. A mãe da aluna visada, em declarações ao Jornal de Notícias, mostrou-se “chocada e revoltada” com a actuação da filha, a qual “a melhor educação” no entender dos pais. Não pondo em causa as melhores intenções deles, o resultado está à vista de todos. Numa entrevista oportuna à SIC Notícias, Daniel Sampaio alertava para o facto de se ter que educar para “a responsabilidade e autonomia”. Este é um ponto central que deve orientar os pais.

O problema é grave e não fácil de resolver. Cremos, no entanto, que a solução deverá partir primeiro das famílias, sendo a escola um complemento da educação dos jovens. O Procurador Geral da República afirmou que se deveria actuar punitivamente neste caso porque do pequeno delito se evolui para o grande – defendendo a ideia de que na escola se desenvolvem gestos que trespassam para a sociedade como um todo. A afirmação é justa e faz todo o sentido, pelo que se espera um desfecho. De qualquer forma, duvidamos que a transferência da aluna para outro estabelecimento de ensino resolva a questão de fundo.

Mas o que mais nos preocupa é que esta situação, não pontual, evolua gradualmente num sentido negativo, isto porque as gerações actuais serão, obviamente, as futuras. Se tudo se mantiver sem que se dê uma mudança brusca, cabe-nos perguntar onde acabaremos. O futuro não cabe apenas a Deus. Depende também de nós, de cada um, individualmente. Hoje, e não, só amanhã.