O Bom Senso no Terras do Ave

* Aqui encontra os artigos publicados no jornal vilacondense, Terras do Ave, escritos pelos autores d' O Bom Senso: Luís Soares e Nuno Miguel Santos*

Os textos são aqui publicados duas semanas após a sua publicação no jornal.

O Bom Senso

Jornal Terras do Ave

Publicado no Jornal de

15 novembro, 2007

Pensar e Actuar Globalmente

Na nossa vida quotidiana é recorrente ouvirmos alguém dizer que “o nosso país está mal”, que “não fazemos nada”, que “Portugal está cada vez está pior”. De facto, é um sintoma do passado que nos acompanha no presente. Mas mais importante do que essa constatação, parece ser perceber como evitar que ele se continue a sentir no futuro.

Este sintoma já não é novo e por força disso somos conhecidos como o país do fado. (Curioso seria perceber se o fado é em si um facto irrefutável, ou uma mera desculpa...) Mas nem sempre isto foi assim. Camões, por exemplo e ao contrário do que fazemos hoje (porque pouco de novo nos resta para gabar), realçou os grandes feitos dos portugueses pelo mundo inteiro. O problema é que esse foi um período de glória que cessou com desenvolvimento industrial. A partir do séc. XVII, Portugal passou a não fazer parte do topo do mundo, mantendo apenas a riqueza proveniente das terras colonizadas, herança dos séculos anteriores.

Desde esse momento começou a instalar-se o sintoma de que nada está bem. Hoje é a falta de educação dos jovens, a saúde que não tem remédio, ‘o emprego que anda desempregado’, a situação económica que, desde o Estado ao povo, nunca melhora, e a política (ou a qualidade dos políticos, perdoem-nos a generalização) que deixa muito a desejar. Mas porquê? Provavelmente porque não fizemos muito por isso; nós, individualmente e em grupo (como sociedade que somos), e quem nos governou, por não se ter permitido que os indivíduos tivessem liberdade para aprender com os outros e explorar as novas ciências e tecnologias.

Hoje as circunstâncias são diferentes e as soluções a implementar necessariamente distintas. Na verdade, só poderemos dar um novo passo quando passarmos a agir de forma a atingir esse objectivo, ou seja, quando aprendermos a ser eficientes como economia global de mercado e de conhecimento. Este é um ponto chave: em concreto, será hoje apenas possível às empresas sobreviver, com os custos salariais nada competitivos que suportam, se apostarem na qualidade (via conhecimento) e não no preço (dado que nunca conseguirão competir com rivais como a China ou o Brasil). Abraçamos uma economia deste tipo, e é nesse caminho que temos necessariamente que entrar. Se continuarmos a olhar para trás, para ideias do passado ou para ideais irrealizáveis, nunca sairemos da “cepa torta”. Temos que pensar em estudar e trabalhar a nível global. Temos que nos especializar numa área de conhecimento e estar sempre a par da mudança. E mais importante, temos que criar valor onde quer que estejamos. Só pensando assim, globalmente, os portugueses farão com que Portugal se “sinta” bem como antigamente.