O Bom Senso no Terras do Ave

* Aqui encontra os artigos publicados no jornal vilacondense, Terras do Ave, escritos pelos autores d' O Bom Senso: Luís Soares e Nuno Miguel Santos*

Os textos são aqui publicados duas semanas após a sua publicação no jornal.

O Bom Senso

Jornal Terras do Ave

Publicado no Jornal de

01 agosto, 2007

Ser Maior e Melhor será mesmo Maior e Melhor?

“Lutar para ser maior e melhor...” Este deve ser o lema de um gestor, mas não da sua empresa. À partida todos estamos de acordo que o objectivo máximo de uma empresa é estar na linha da frente do seu sector de actividade, crescendo “sem limites” na sua área de negócio. Todos seriam beneficiados: os trabalhadores e os accionistas da empresa. Uma primeira questão impõe-se: o que é ser “maior” e “melhor”?

Será aumentar exponencialmente as vendas? Será vender os mesmos produtos com maior valor acrescentado? Ou será ter a estrutura de custos mais baixa do mercado? É de senso comum que o “maior” respeita à dimensão e o “melhor” à eficiência ou qualidade. Tudo leva a crer, portanto, que a empresa tem todo o interesse em preencher estes dois critérios: lideraria as vendas e estaria no máximo da sua eficiência. Seria, então, a empresa líder e estaria à frente das demais.

Que sentido poderá, então, ter a afirmação que fizemos? Darwin introduziu a “lei do mais forte”, procurando ensinar a perspectiva evolucionista: num processo evolutivo, apenas os mais aptos a líder com uma dada situação são os que sobrevivem. Dado que as preferências dos consumidores, e o próprio mercado, estão em mutabilidade permanente, sobreviverão as empresas que estiverem preparadas (antecipadamente) para os novos paradigmas. Ou que os “criem”. Assim, ser o maior e o melhor não são condições únicas para o sucesso de uma empresa a longo prazo; é o saber adaptar-se à realidade envolvente. Mas como conseguir tal adaptação? Inovando. Só com a inovação, que se espera que acarrete novos processos para uma mesma actividade (fazer o mesmo que se fazia antes com mais eficiência, qualidade e menos recursos), e tentando satisfazer as necessidades dos indivíduos (os quais podem até nem saber que as têm) será possível sobreviver num ambiente altamente competitivo e em constante mudança.

Tomemos como exemplo uma empresa têxtil do Vale do Ave. No início dos anos 90, a empresa era líder do mercado produzindo a um ritmo alucinante, empregando centenas de pessoas, procurando responder às sempre crescentes necessidades de artigos têxteis. Essa empresa era a maior do seu ramo e a sua eficiência fazia com que fosse também a melhor na produção de tais artigos. Porém, o mercado foi-se liberalizando e a China (em anos mais recentes) assumiu um papel preponderante neste sector devido aos meios de produção mais baratos. Já se previa esta evolução, mas o certo é que a empresa não soube inovar para se adaptar ao mercado a longo prazo. Resultado: era a maior e a melhor; foi à falência. Resta-nos apenas, e para terminar, saber porque deve o gestor ser maior e melhor. O gestor de uma empresa deve ser um líder e ser visionário; deve ser “maior” porque é um símbolo e “melhor” porque as (boas) decisões dependem de si, para que a empresa saiba se adaptar.