O Bom Senso no Terras do Ave

* Aqui encontra os artigos publicados no jornal vilacondense, Terras do Ave, escritos pelos autores d' O Bom Senso: Luís Soares e Nuno Miguel Santos*

Os textos são aqui publicados duas semanas após a sua publicação no jornal.

O Bom Senso

Jornal Terras do Ave

Publicado no Jornal de

01 outubro, 2007

Cobardia Diplomática

A recente visita do Dalai Lama ao território Português protagonizou uma série de teatros e hipocrisias por parte de algumas figuras das autoridades portuguesas, em jeito de repetição do sucedido no ano de 2001. Só o presidente da Assembleia da República o convidou para uma visita à AR.

O Dalai Lama, como líder espiritual que é, deve ser respeitado e mesmo valorizado por uma nação aquando da sua visita. Apesar de não ser um chefe de Estado, representa um povo e uma religião. O bom senso dita que, considerando os valores que a nossa sociedade defende e até (se quisermos ser mais formais), os princípios internacionais de respeito mútuo entre todos os povos, é um dever das autoridades receber com bom trato uma figura desta importância.

O que se verifica em Portugal (e noutros países) é um afastamento do Governo e outros órgãos de soberania destes princípios, devido a alegadas “pressões da China”. Recorde-se que os comunistas chineses invadiram o território do Tibete, passando este a ser uma província chinesa, contra a vontade dos tibetanos, em 1965. Nos anos seguintes existiram denúncias de violação dos direitos humanos naquele território e tentativas de destruir a cultura e religião tibetanas, obrigando o Dalai Lama a exilar-se na Índia.

Será então que o facto do Tibete não ser independente da China desde 1965 (depois de ser invadido) lhe nega o direito a ser respeitado por parte dos outros povos? Claramente, não.

Repare-se que isto ainda é mais caricato quando o Dalai Lama é um Nobel da Paz, representando muito mais do que a espiritualidade e a causa do Tibete.

A China não tem, nem pode ter, uma palavra a dizer em relação aos relacionamentos de Portugal com quem quer que seja, senão com ela própria. Receber o Dalai Lama não significa por si só defender a causa (justa) tibetana. No entanto, não o receber mostra um claro apoio à causa chinesa.

Por outro lado, e para piorar o cenário da não recepção ao Dalai Lama, várias figuras pertencentes a instituições políticas portuguesas receberam-no “informalmente” ou “a título particular”… Assim, com estas peças de teatro protagonizadas pelos nossos políticos às quais todos assistimos pela televisão, não é de admirar que os teatros estejam vazios...