O Bom Senso no Terras do Ave

* Aqui encontra os artigos publicados no jornal vilacondense, Terras do Ave, escritos pelos autores d' O Bom Senso: Luís Soares e Nuno Miguel Santos*

Os textos são aqui publicados duas semanas após a sua publicação no jornal.

O Bom Senso

Jornal Terras do Ave

Publicado no Jornal de

15 setembro, 2005

Use o Poder do Seu Voto

As eleições autárquicas estão a chegar. Do dia 9 de Outubro poderá resultar uma viragem marcante no rumo político, económico e social, não apenas da cidade de Vila do Conde, mas de todo o Concelho.

Essa viragem será apenas possível com a adesão de todos às urnas e com a consciencialização de que não podemos assumir que o nosso voto é inútil e, portanto, que será sempre o mesmo partido a vencer as eleições. É essa mesma consciencialização que nos inspira na redacção deste artigo.

Olhando para os cartazes das diferentes candidaturas, que adornam o nosso concelho, somos levados a reflectir séria e gravemente nos slogans do partido que preside há décadas à Câmara Municipal vilacondense e que, por essa razão, tem “contas a ajustar” com os seus munícipes. Aliás, não somos os únicos a fazê-lo; veja-se alguns cartazes da oposição.

O Partido Socialista e o seu cabeça-de-lista, actual presidente da nossa autarquia, o Engº. Mário Hermenegildo Moreira de Almeida, lançaram, num dos seus primeiros cartazes (note-se que, até à data, o fundo destes cartazes apenas mostra a cidade de Vila do Conde ou edifícios/obras da mesma e nunca as freguesias), o slogan “O Prazer de Viver”. Até se percebe que o Partido Socialista queira pôr algum humor na campanha para ganhar a simpatia dos vilacondenses, mas tudo tem limites...

O Prazer de Viver? Sr. Presidente da Câmara, caros socialistas, eis apenas 10 questões que vos colocamos de boa fé:

1. Qual “O Prazer de Viver” quando não se tem acesso a água potável?

2. Qual “O Prazer de Viver” quando a água do poço acaba e a única solução é “andar a pedir” aos vizinhos um bem essencial à nossa saúde e higiene?

3. Qual “O Prazer de Viver” quando não se tem acesso à rede de esgotos e saneamento básico?

4. Pior, qual “O Prazer de Viver” quando se tem que limpar (ou mandar limpar) a própria fossa?!

5. Qual “O Prazer de Viver” quando se tem praias não certificadas pela bandeira azul em toda a costa do concelho, com areia suja e esgotos a “céu aberto”?

6. Qual “O Prazer de Viver” ao lado de um rio Ave poluído e sem condições para a pesca e para os desportos náuticos, fontes de turismo?

7. Qual “O Prazer de Viver” com filas de trânsito intermináveis durante as horas de ponta ou mesmo durante toda a época balnear?

8. Qual “O Prazer de Viver” com uma marginal da cidade sem grandes condições de segurança, quer para os automobilistas, quer para os ciclistas e peões?

9. Qual “O Prazer de Viver” quando as pessoas sentem que há uma enorme distinção entre o tratamento que é dado aos munícipes da cidade e das Caxinas e o que é dado aos munícipes das freguesias da periferia?

10. Qual “O Prazer de Viver” quando passados 31 anos de governação socialista neste concelho, ainda nos pedem o voto prometendo “um futuro com novos horizontes”?

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Posto isto, vale a pena fazer uma séria reflexão sobre a importância do voto de cada um de nós. Considerando a gravidade dos problemas de Vila do Conde, não se trata de escolher ideologias, ou meramente entre PS e PSD/PP; trata-se sim, de optar por um projecto com 31 anos de vida e com resultados insuficientes ou dar o benefício da dúvida a um novo projecto, encabeçado pelo Prof. Dr. José Manuel Santos Cruz, e assistir a uma saudável transição de poder. Use o poder do seu voto!


Luís Soares
Nuno Miguel Santos

Publicado no Jornal de

01 setembro, 2005

Um Estado de Educação

Chegou Setembro. A correria aos “hipers” já começou e toda a gente que se apresse, se não fica com os cadernos com pior design… Os miúdos vão para a escola mais “artilhados” do que os soldados americanos para o Iraque. As miúdas, instigadas pelas mães (que acham sempre que as filhas não são “menos que as outras”), vasculham todos os centros comerciais em busca do lápis perfeito a condizer com o caderno às flores, a camisola rosa “choque”, o soutien e o piercing do nariz…

Nesta época de grande azáfama, em que o novo ano lectivo está prestes a começar, encara-se a educação como se encarava a ida à missa há 10 anos atrás. Nessa altura, em que ainda se ia à missa, as pessoas aí mostravam os seus trajes e os dos seus filhos; hoje em dia, os pais competem pela melhor toillete no shopping enquanto que os filhos lutam pelo título de Mister e Miss da sua escola ou faculdade.

Ou seja, a escola, suposta entidade responsável por educar, funciona como um mero passatempo para alguns e “passerelle” para outros. Dados estatísticos provam isto mesmo: nós estamos na “cauda da Europa” (expressão, diga-se, bastante curiosa…) no que concerne à educação. Os alunos, que se deveriam preocupar em aprender e melhorar os seus conhecimentos, preocupam-se em não ter faltas, usar o calçado e a roupa da moda, não perder qualquer festa (o problema não está na festa propriamente dita, mas sim na importância que lhe é atribuída) e “não chumbar a nada”/”não ter negas”.

Isto é bastante alarmante pois, cada vez mais, formamos analfabetos e incultos, já que a formação é incompleta: não há nem uma componente de formação cívica na maioria das instituições de ensino, nem um sistema de avaliação de professores que funcione correctamente e exonere os incompetentes. Saberão esses alunos quanto custam ao país, a Portugal, a todos os contribuintes, andarem “a pastar os livros”? Nada se estiverem no ensino público, dirão alguns. Errado. 4200 euros por ano é quanto custa, em média, sustentar um aluno do ensino básico ao secundário, pago através dos impostos. Montante suficiente para qualquer pai poder escolher um estabelecimento de ensino que entendesse ser mais apropriado para cada um dos seus filhos e onde estes recebessem uma formação que lhes desse uma visão da educação mais responsável.

Considerando a situação presente, o lema do nosso país (se é que tem que haver um) deveria ser “Um Estado de Educação” e não, como hoje em dia se sente, “Um Estado de Desresponsabilização”.
Se estava mesmo a pensar ir comprar 2 quilos de material escolar ao “hiper” mais próximo, pense se isso vale mesmo a pena, se o seu filho vai aprender mais e melhor por ir “mais artilhado” que os outros para a escola.
Porque não valorizar os estudos do seu filho, dando-lhe o material escolar que ele quer (não o que precisa) progressivamente, sempre que ele obtiver bons resultados na escola?

Empenhe-se, no que estiver ao seu alcance, e faça com que um “Doutor” seja mais do que apenas “um burro carregado de livros”.
Luis Soares
Nuno Miguel Santos