O Bom Senso no Terras do Ave

* Aqui encontra os artigos publicados no jornal vilacondense, Terras do Ave, escritos pelos autores d' O Bom Senso: Luís Soares e Nuno Miguel Santos*

Os textos são aqui publicados duas semanas após a sua publicação no jornal.

O Bom Senso

Jornal Terras do Ave

Publicado no Jornal de

01 agosto, 2008

Harmonização do Concelho de Vila do Conde (II)

No último artigo introduzimos o tema da harmonização entre as freguesias do concelho de Vila do Conde, tendo abordado aspectos que poderiam ser explorados e melhorados na costa marítima do mesmo. Desta vez iremo-nos focar brevemente na área verde de Vila do Conde. É sabido que o nosso concelho tem uma vastíssima área de floresta/campos agrícolas/baldios/mata.

Mas a verdade é que não existe uma organização eficaz das tipologias de terreno atribuídas a esta imensa área. Transforma-se área agrícola em área de construção com critérios por vezes duvidosos e, fundamentalmente, sem um plano definido para o longo-prazo com cabeça, tronco e membros.

O Plano Director Municipal (PDM) parace ser feito ao sabor do vento que corre num determinado momento. Deveriam ser criadas áreas para comércio e construção estratégicamente definidas para cativar investimento e não apenas esperar que ele apraeça e, apenas nesse momento, mudar por qualquer meio possível o que for necessário, sem tempo e capacidade para decidir correctamente o local ideal para o mesmo: cedendo ao investidor.

Poder-se-ia argumentar que é melhor assim do que perder o investimento; e isso é verdade. O problema é que há uma cultura de “remendar” o que está mal planeado. O concelho tem óptimas condições rodoviários (falamos sobretudo nas auto-estradas…), pelo que pode explorar as áreas mais próximas das principais artérias para criar pólos de desenvolvimento industrial, comercial e residencial. O primeiro passo é um eficaz ordenamento do território. Se a câmara definir com inteligência os locais de construção e industrialização terá muito maiores hipóteses de negociar a vinda de empresas para o concelho. A vinda de empresas capta pessoas e vice-versa.

Melhorando o acessso rodoviário intra-freguesias, seria possível cativar população para habitar sossegadamente e relativamente perto da costa e das cidades mais próximas nas freguesias a Este de Vila do Conde (sem dúvida, as menos desenvolvidas e votadas ao desinteresse político por parte da autarquia). No que toca ao ordenamento do território, há sempre que pensar no mesmo como um método de desenvolver em harmonia toda a área disponível, adaptando as decisões às diferentes características das freguesias (ou de conjuntos de freguesias muito similares). Não queremos deixar de referir que a cooperação entre agricultores poderia ter muito mais dimensão e capacidade de criação de indústrias agrícolas com capacidade para exportar. Para isto acontecer não basta a vontade dos agricultores; são necessárias áreas enormes e a câmara poderia tentar concretizar uma idea ambiciosa: organizar os agricultores para permuta de terrernos (baseando-se no seu valor de mercado) facilitando a aproximação dos mesmos e a criação de sociedades agrícolas. Trocar um pequeno terreno em Mindelo (com grande valor) por um grande terrerno em Macieira da Maia (com o mesmo valor), por exemplo, poderia gerar muito maiores benefícios futuros para os agricultores. Imagine-se isto a acontecer em áreas adjacentes e com cooperação entre os agricultores que participassem: a eficiência atingida seria exponencialmente superior à verificada agora. Para isto acontecer é necessário vontade de todas as partes, como é óbvio, mas é de ideias ambiciosas que se parte para realidades de sucesso.