O Bom Senso no Terras do Ave

* Aqui encontra os artigos publicados no jornal vilacondense, Terras do Ave, escritos pelos autores d' O Bom Senso: Luís Soares e Nuno Miguel Santos*

Os textos são aqui publicados duas semanas após a sua publicação no jornal.

O Bom Senso

Jornal Terras do Ave

Publicado no Jornal de

01 outubro, 2006

“E você, já pensou em ir de Expresso ao Sol?”

Dia 16 do mês que agora termina, chegou às bancas o “Sol”, o novo semanário dirigido pelo ex-director do Expresso, José António Saraiva. Há muito que se falava deste jornal, nomeadamente se estaria à altura de “enfrentar” o há muito instituído jornal Expresso.

Sempre que duas, ou mais, instituições competem entre si por uma quota de mercado (i.e., por objectivos comuns), ganhará aquela que apresentar o que em economia se designa por vantagem competitiva: de que forma é que o meu produto é superior ao meus concorrentes? Como que em resposta a esta pergunta, o Sol apresentou-se como um jornal inovador, com novos conteúdos, uma estrutura editorial bem definida e uma postura frontal sobre aquilo que o jornal é e aquilo que pretende ser aos olhos das pessoas.

A entrada deste novo semanário no mercado é favorável à sociedade, sobretudo porque traz mais informação, novos pontos de vista sobre a mesma, alarga o leque de escolha aos consumidores (fomentando a liberdade de escolha e o sentido crítico) e cria valor na economia. Além de dar lucro aos seus accionistas, pode também ser um catalizador da qualidade dos concorrentes (neste caso, do jornal Expresso). Este é um ponto importante, porque a concorrência estimula a imergência de vantagens competitivas. Em qualquer mercado (seja numa feira, numa lota, ou numa Bolsa de Valores), a concorrência é o fundamento de um capitalismo saudável.

Consideremos o caso do Expresso. Anunciada a data de publicação da primeira edição do Sol, o semanário remodelou a sua estrutura e apresentação, oferecendo gratuitamente aos consumidores filmes em DVD. Ou seja, procurou introduzir as tais vantagens competitivas de que falávamos em relação ao seu concorrente directo, que lhe permitiriam assegurar, e porventura captar, clientes. [A oferta de brindes, por exemplo, é um dos factores que diferencia a linha editorial dos dois jornais. Na primeira página do Sol podia-se ler: “Um jornal que vale por si. Este semanário não oferece brindes, nem faz promoções.”] A procura incessante de argumentos que permitam distinguir os dois jornais acaba por ser uma mais-valia, já que cada um procurará ser melhor que o outro. E, claro, quem fica a ganhar são os clientes. Esta “luta” pela preferência dos leitores fomenta a criatividade e obriga a que as partes envolvidas dêem sempre o seu melhor para não serem ultrapassadas. Ou seja, o mercado nunca perde com a entrada de novos concorrentes. No limite, quando o mesmo estiver saturado, apenas sobreviveram aqueles que melhor satisfazem as necessidades dos consumidores.

Pense-se, agora, na possibilidade de surgir um novo jornal em Vila do Conde, capaz de se tornar num sério concorrente directo ao Terras do Ave (TA). À primeira vista, poderá parecer prejudicial para este jornal. É certo que alguns leitores poderão preferir o outro jornal, o que, consequentemente, faria o TA reduzir o número de vendas. No entanto, a médio prazo o esforço acrescido que o TA teria de fazer para competir com o novo jornal traria frutos, podendo vir a recuperar antigos clientes e até atrair a atenção de novos leitores. Além disso, a equipa editorial do Terras do Ave iria, com certeza, evoluir ainda mais no sentido de prestar um melhor serviço aos seus leitores.