“E você, já pensou em ir de Expresso ao Sol?”
Dia 16 do mês que agora termina, chegou às bancas o “Sol”, o novo semanário dirigido pelo ex-director do Expresso, José António Saraiva. Há muito que se falava deste jornal, nomeadamente se estaria à altura de “enfrentar” o há muito instituído jornal Expresso.
Sempre que duas, ou mais, instituições competem entre si por uma quota de mercado (i.e., por objectivos comuns), ganhará aquela que apresentar o que em economia se designa por vantagem competitiva: de que forma é que o meu produto é superior ao meus concorrentes? Como que em resposta a esta pergunta, o Sol apresentou-se como um jornal inovador, com novos conteúdos, uma estrutura editorial bem definida e uma postura frontal sobre aquilo que o jornal é e aquilo que pretende ser aos olhos das pessoas.
A entrada deste novo semanário no mercado é favorável à sociedade, sobretudo porque traz mais informação, novos pontos de vista sobre a mesma, alarga o leque de escolha aos consumidores (fomentando a liberdade de escolha e o sentido crítico) e cria valor na economia. Além de dar lucro aos seus accionistas, pode também ser um catalizador da qualidade dos concorrentes (neste caso, do jornal Expresso). Este é um ponto importante, porque a concorrência estimula a imergência de vantagens competitivas. Em qualquer mercado (seja numa feira, numa lota, ou numa Bolsa de Valores), a concorrência é o fundamento de um capitalismo saudável.
Consideremos o caso do Expresso. Anunciada a data de publicação da primeira edição do Sol, o semanário remodelou a sua estrutura e apresentação, oferecendo gratuitamente aos consumidores filmes em DVD. Ou seja, procurou introduzir as tais vantagens competitivas de que falávamos em relação ao seu concorrente directo, que lhe permitiriam assegurar, e porventura captar, clientes. [A oferta de brindes, por exemplo, é um dos factores que diferencia a linha editorial dos dois jornais. Na primeira página do Sol podia-se ler: “Um jornal que vale por si. Este semanário não oferece brindes, nem faz promoções.”] A procura incessante de argumentos que permitam distinguir os dois jornais acaba por ser uma mais-valia, já que cada um procurará ser melhor que o outro. E, claro, quem fica a ganhar são os clientes. Esta “luta” pela preferência dos leitores fomenta a criatividade e obriga a que as partes envolvidas dêem sempre o seu melhor para não serem ultrapassadas. Ou seja, o mercado nunca perde com a entrada de novos concorrentes. No limite, quando o mesmo estiver saturado, apenas sobreviveram aqueles que melhor satisfazem as necessidades dos consumidores.
Pense-se, agora, na possibilidade de surgir um novo jornal em Vila do Conde, capaz de se tornar num sério concorrente directo ao Terras do Ave (TA). À primeira vista, poderá parecer prejudicial para este jornal. É certo que alguns leitores poderão preferir o outro jornal, o que, consequentemente, faria o TA reduzir o número de vendas. No entanto, a médio prazo o esforço acrescido que o TA teria de fazer para competir com o novo jornal traria frutos, podendo vir a recuperar antigos clientes e até atrair a atenção de novos leitores. Além disso, a equipa editorial do Terras do Ave iria, com certeza, evoluir ainda mais no sentido de prestar um melhor serviço aos seus leitores.
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