O Bom Senso no Terras do Ave

* Aqui encontra os artigos publicados no jornal vilacondense, Terras do Ave, escritos pelos autores d' O Bom Senso: Luís Soares e Nuno Miguel Santos*

Os textos são aqui publicados duas semanas após a sua publicação no jornal.

O Bom Senso

Jornal Terras do Ave

Publicado no Jornal de

01 abril, 2006

Os Lucros do Sr. Jose

O lucro é, muitas vezes e por muita gente, encarado como algo de negativo para quem o aufere. Pecaminoso, até. Ouve-se falar de “capitalistas”, “gentes do dinheiro” e demais atributos muito fáceis de dizer mas difíceis de justificar. A questão é: porquê?
Por que é que há tendência a manifestar repúdio por este conceito, “lucro”?

O Sr. José tem uma vivenda na Foz do Porto, uma herdade no Alentejo, um apartamento no Algarve, um Porsche, um Mercedes desportivo, um BMW topo de gama e joga Golfe aos fins-de-semana. Os seus filhos estudam num dos mais conceituados colégios de Londres, tem duas empregadas domésticas permanentes e presenteia a esposa todos os anos com as mais caras jóias da moda.
O Sr. José é proprietário de uma grande empresa nacional. Todos os luxos de que usufrui advêm, para além do seu salário, dos lucros que retira para si da actividade da sua empresa todos anos (cerca de 1 milhão de euros, ou 200 mil contos). Empresa essa, fundada por ele próprio há quase 30 anos, tendo vivido inicialmente tempos bastante difíceis, e contrariamente à vontade manifestada pelos seus pais. Emprega cerca de 1500 trabalhadores e 70% deles não ganha mais de €600 mensais. Uma grande parte daqueles que conhecem a sua vida, acham que ele vive à custa da exploração dos seus trabalhadores e dizem que, como onde há fumo há fogo, onde há lucro também deve haver roubo.



Mas o que seria se o Sr. José não pudesse usufruir do lucro? Ou seja, será o lucro vantajoso para a sociedade ou não?
As consequências dessa impossibilidade sentir-se-iam a vários níveis. Em primeiro lugar, porque iria o Sr. José arriscar o pouco capital que tinha há 30 anos atrás e pôr em risco o seu futuro na criação de uma empresa, se soubesse que a única remuneração que iria obter seria um salário mensal? Só se não agisse racionalmente, pois para receber um salário bastar-lhe-ia candidatar-se a um emprego qualquer. Emprego esse que teria de ser numa entidade estatal, pois não haveriam incentivos à criação de empresas por todos os Josés, Antónios e Joaquins deste pais. E qual é o problema de não existirem empresas?

As empresas são organizações de pessoas com o objectivo de produzir bens e/ou serviços que%