O PS e o "Jornal de Vila do Conde"

Vem este título a propósito de um artigo publicado no “Jornal de Vila Conde”, a 7 de Julho de 2005, intitulado “O PSD e o «Terras do Ave»”, no qual se pretende estabelecer uma ligação de dependência política entre o jornal independente “Terras do Ave” (TA) e o Partido Social Democrata.

Segundo aquele jornal, esta hipotética ligação entre o TA e o PSD residiria na tendência do primeiro em ter como “inimigo” a Câmara Municipal socialista, “criticando permanentemente a sua actividade”. Ora, parece-nos que isto é mais uma desculpa “esfarrapada” de quem não consegue justificar o injustificável. Será que o director e os jornalistas do “Jornal de Vila do Conde” nunca puseram a hipótese das acções da Câmara socialista, nem por uma vez que seja, serem inadequadas?

Mas o “Jornal de Vila do Conde” ainda vai mais longe ao dizer, e passamos a citar: “O que é estranho é que aquele jornal (TA) se reflicta como a «câmara de eco» do PSD”, intentando fragilizar, assim, a posição do Dr. Rui Silva como director do TA. Só nos resta fazer o paralelismo e logicamente concluir que, proporcionalmente, o “Jornal de Vila do Conde” é o porta-voz do PS vilacondense…

Para tornar isto ainda mais hilariante, informamos o leitor que o artigo em causa integra o espaço noticioso do “Jornal de Vila do Conde” em vez de fazer parte de uma secção de opinião, onde seria devidamente assinado. Ou então, e para surpresa de todos nós (!) o “Jornal de Vila do Conde” não passa de um ‘caderno de opinião’, assinado integralmente pelo seu director, C. Ouvidor da Costa. Em que ficamos? Já chega o jornal passar pela sede do PS para ser dobrado antes de ser distribuído (ver as fotos no blogue “O Vilacondense” em http://ovilacondense.blogspot.com/2005/06/mais-uma-maravilha-vilacondense.html) e as assembleias gerais da empresa proprietária do mesmo também lá se realizarem…

Não querendo dar lições aos jornalistas do “Jornal de Vila do Conde”, já que não temos idade nem formação adequada para tal, queríamos apenas aconselhar a leitura, por exemplo, do capítulo 8 (A Pontuação) do “Manual de Jornalismo” de Anabela Gradim, onde se explica que, entre outras coisas, e passamos a citar: “O ponto de exclamação (…) nunca deve ser utilizado pelos jornalistas em textos noticiosos ou respectivos títulos, excepto se se tratar de uma citação”. Dizemos isto pois os artigos (hipoteticamente) noticiosos estão literalmente “repletos” de pontuação apenas adequada a artigos de opinião (para os leitores com maior curiosidade ou sentido de humor, recomendamos a leitura do artigo “Lamentável e Imprópria Atitude”, publicado no “Jornal de Vila do Conde” do dia 21 de Julho – conte-se o número de pontos de exclamação, interrogação e de reticências usados, já para não falar do tom acusador e algo provocatório com que as “notícias” são redigidas). Ou isto é mesmo uma falta de zelo jornalístico ou, então, seguem a máxima de que o “Zé Povinho” é ignorante.

Não escrevemos este artigo para defender - pois nem descortinamos razão para tal - o Terras do Ave, mas sim, para tentar reduzir um pouco alguma da hipocrisia reinante.
Aos nossos leitores pedimos desculpa pela “apimentação” desta aparente quezília entre jornais locais, mas, e perdoem-nos a expressão: “Já andávamos com isto entalado há três semanas!”.

Luis Soares

Nuno Miguel Santos