Bloco de (Des)argumentos
Por mera curiosidade demos por nós a vaguear pelo site do Bloco de Esquerda, essa força trotskysta muito em voga. Aí encontramos a “Moção de Orientação – Aprovada na IVª Convenção do Bloco de Esquerda de Maio de 2005”, uma maravilha que decidimos partilhar com os leitores, citando duas passagens do tão erudito ensaio político.
“O capitalismo contemporâneo afirma a autonomia do mercado em relação à própria produção e ao quadro nacional ou regional em que se desenvolve, acentuando assim a precarização do trabalho, a desterritorialização da empresa e o aumento do peso do capital especulativo.” O capitalismo sempre assentou numa economia de mercado, livre e competitiva, baseada na produção de bens e serviços. Até então as críticas ao mesmo assentavam na exploração dos meios de produção humanos em benefício dos detentores do capital. Agora, o Bloco vem afirmar que o mercado se sobrepõe à produção. Ora, o problema é que não existe mercado sem produção. Mesmo num mercado de capitais (ex.: bolsa de valores), o que está por trás do seu funcionamento é a evolução das empresas que, pela sua natureza, produzem algum bem ou serviço.
“Serviço nacional de saúde e escola pública de qualidade, gratuitos, universais e eficientes, são condição fundamental da democracia que se baseia em bens comuns e responsabilidades colectivas. Bens essenciais, como a água, não devem ser um negócio. E reservas tão importantes como a energia, devem ser nacionalizadas, de modo a que o país possa diminuir radicalmente os seus níveis de dependência.” É difícil arranjar argumentos que abalem a “beleza” de afirmar que tudo deve ser gratuito e universal. A água não deve ser um negócio. Estamos de acordo. E o pão? E o leite? E o bife e a sardinha? E a roupa interior? E as habitações? E os medicamentos? São todos eles bens essenciais que nós também gostávamos que fossem gratuitos. E porque não são? Pela simples razão de o mercado ser mais eficiente que o Estado. As pessoas decidem produzir livremente aquilo que querem, obtêm lucro com isso e vêm-se “obrigadas” a melhor os produtos para atraírem mais consumidores; caso contrário, são excluídas do mercado. Se a água for privatizada não significa, por si só, que os preços aumentem. Se várias empresas competirem no seu fornecimento (sem influências das autarquias), o preço tenderá a baixar e a qualidade do serviço a aumentar (se nada mais se alterar). Se for apenas uma entidade (Estado) a fornecê-la, não haverá incentivo a fazê-lo da forma mais eficiente possível. E não nos venham com as “charadas” do serviço público, porque isso está mais que provado que é só “fogo de vista”. O que nos interessa a todos, no fundo, é que o serviço seja de qualidade e acessível.
Por outro lado, o facto de o proprietário dos recursos energéticos ser nacional ou estrangeiro, é outra falsa questão, já que este nunca poderá levar as nossas reservas de energia “às costas” para o seu país de origem! Se os estrangeiros prestarem melhor o serviço, então, que venham eles!
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