O Bom Senso no Terras do Ave

* Aqui encontra os artigos publicados no jornal vilacondense, Terras do Ave, escritos pelos autores d' O Bom Senso: Luís Soares e Nuno Miguel Santos*

Os textos são aqui publicados duas semanas após a sua publicação no jornal.

O Bom Senso

Jornal Terras do Ave

Publicado no Jornal de

15 fevereiro, 2007

Bloco de (Des)argumentos

Por mera curiosidade demos por nós a vaguear pelo site do Bloco de Esquerda, essa força trotskysta muito em voga. Aí encontramos a “Moção de Orientação – Aprovada na IVª Convenção do Bloco de Esquerda de Maio de 2005”, uma maravilha que decidimos partilhar com os leitores, citando duas passagens do tão erudito ensaio político.

O capitalismo contemporâneo afirma a autonomia do mercado em relação à própria produção e ao quadro nacional ou regional em que se desenvolve, acentuando assim a precarização do trabalho, a desterritorialização da empresa e o aumento do peso do capital especulativo.” O capitalismo sempre assentou numa economia de mercado, livre e competitiva, baseada na produção de bens e serviços. Até então as críticas ao mesmo assentavam na exploração dos meios de produção humanos em benefício dos detentores do capital. Agora, o Bloco vem afirmar que o mercado se sobrepõe à produção. Ora, o problema é que não existe mercado sem produção. Mesmo num mercado de capitais (ex.: bolsa de valores), o que está por trás do seu funcionamento é a evolução das empresas que, pela sua natureza, produzem algum bem ou serviço.

Serviço nacional de saúde e escola pública de qualidade, gratuitos, universais e eficientes, são condição fundamental da democracia que se baseia em bens comuns e responsabilidades colectivas. Bens essenciais, como a água, não devem ser um negócio. E reservas tão importantes como a energia, devem ser nacionalizadas, de modo a que o país possa diminuir radicalmente os seus níveis de dependência.” É difícil arranjar argumentos que abalem a “beleza” de afirmar que tudo deve ser gratuito e universal. A água não deve ser um negócio. Estamos de acordo. E o pão? E o leite? E o bife e a sardinha? E a roupa interior? E as habitações? E os medicamentos? São todos eles bens essenciais que nós também gostávamos que fossem gratuitos. E porque não são? Pela simples razão de o mercado ser mais eficiente que o Estado. As pessoas decidem produzir livremente aquilo que querem, obtêm lucro com isso e vêm-se “obrigadas” a melhor os produtos para atraírem mais consumidores; caso contrário, são excluídas do mercado. Se a água for privatizada não significa, por si só, que os preços aumentem. Se várias empresas competirem no seu fornecimento (sem influências das autarquias), o preço tenderá a baixar e a qualidade do serviço a aumentar (se nada mais se alterar). Se for apenas uma entidade (Estado) a fornecê-la, não haverá incentivo a fazê-lo da forma mais eficiente possível. E não nos venham com as “charadas” do serviço público, porque isso está mais que provado que é só “fogo de vista”. O que nos interessa a todos, no fundo, é que o serviço seja de qualidade e acessível.

Por outro lado, o facto de o proprietário dos recursos energéticos ser nacional ou estrangeiro, é outra falsa questão, já que este nunca poderá levar as nossas reservas de energia “às costas” para o seu país de origem! Se os estrangeiros prestarem melhor o serviço, então, que venham eles!